Quais são
estes dons? (pausa) Is11,1-5.
1) Sabedoria – Não se
trata de conhecimento intelectual. Neste
Dom adquirimos uma afinidade com o nosso PAI
que nos permite julgar com senso espiritual e ter uma compreensão íntima
da riqueza de DEUS, traduzindo em palavras.
At 22, 3-16
São Paulo aparece-nos
como um judeu perseguidor dos cristãos e da Igreja. Vemo-lo a caminho de
Damasco para prender os cristãos que ali houvesse, isto é, aqueles que
abandonaram a Lei (de Moisés) para seguir Cristo. Para ele é inaceitável este
abandono da Lei para seguir um crucificado.
É no caminho de Damasco
que ele é tocado por uma intensa luz, que o ilumina interiormente e lhe dá uma
sabedoria nova para ver a realidade a partir de Cristo.
Podemos dizer
que Cristo crucificado, morto e ressuscitado mostra-se como uma luz maravilhosa
e fala a Saulo, transformando o seu pensamento e a sua própria vida. O
esplendor do Ressuscitado torna-o cego. Assim, vê-se também exteriormente o que
era a sua realidade interior, a sua cegueira em relação à verdade, à luz que é
Cristo.
Depois, o seu
"sim" definitivo a Cristo no Batismo volta a abrir os seus olhos, faz
com que ele realmente veja.
Entendeu, então, que a
verdadeira sabedoria é Cristo e, tocado por essa luz, jamais se pode calar...
Gastou a sua vida para dar a conhecer Cristo, o Crucificado.
Antes de conhecer Cristo,
ele acreditava que a Lei era a mais perfeita expressão da Palavra de Deus em
favor do seu povo. Quando conhece Cristo, que por ele morreu e ressuscitou,
torna-se-lhe claro que o caminho da Salvação é a fé n’Ele. A firmeza da fé em Jesus Cristo é a
única certeza que lhe dá força para enfrentar tudo e sabedoria para entender o
sentido da vida.
Ao abrir-se a Cristo com
todo o coração, tornou-se capaz de se fazer tudo em todos, desejoso de anunciar
a fé em Cristo morto e ressuscitado a todos. É assim que se torna o Apóstolo
dos pagãos.
São Paulo fala-nos da
verdadeira sabedoria: a Sabedoria da Cruz. Escutemos o que ele nos diz na
Primeira Carta aos Coríntios: (1Cor 1, 22-25)
2)
Entendimento(inteligência) – Aperfeiçoa nossa faculdade de conhecer e
captar as realidade divinas em profundidade, favorece o entendimento das
Escrituras Sagradas, com visão clara, direta da interpretação da Igreja.
Sabeis o
que o Apóstolo S. Paulo pensa do dom do entendimento? Escutemos o que ele nos
diz numa das suas cartas, a Carta aos Romanos (Rm 12,1-2):
S. Paulo chama ao dom de
entendimento de “culto espiritual”.
– Em que consistirá este
culto?
O Apóstolo explica: é um
culto que nos ajuda a não nos acomodarmos com este mundo. Para isso, teremos de
utilizar mais do que a inteligência, que também é um dons do Espírito tão
necessário e apreciado. No entanto, não nos basta conhecer as realidades
terrenas, das ciências. A nossa vocação a sermos felizes não é só feita de
coisas que se vêem, mas também daquelas realidades de Deus que não se vêem, mas
que são reais. Estes bens reais que não se vêem conhecem-se através do culto
espiritual.
Ser felizes implica não
nos acomodarmos com este mundo, mas requer a nossa transformação através da
mudança da mentalidade. Como? Através do discernimento da vontade de Deus.
– E qual é esta vontade?
Resposta também do
Apóstolo: “o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito”.
3) Conselho - Indispensável para agirmos de acordo com o
bem, a ética e o Evangelho. Devemos
consultar uns aos outros para encontrar a vontade de DEUS. Nos impede de
tomarmos decisões contrárias a DEUS. É o dom da Prudência.
Palavra – At 15,22-31
Ø Contextualização do texto
de At 15,22-31
Depois da primeira viagem
apostólica de S. Paulo, gera-se uma discussão acesa dentro da comunidade
cristã. E tudo isto porque alguns defendiam que os pagãos convertidos ao
cristianismo deveriam ser circuncidados, como os nascidos na cultura e religião
judaicas[1].
Paulo, que tinha sido perseguidor dos cristãos, mas que depois se converteu de
forma radical, tornando-se seguidor de Jesus Cristo, não concordava com tal
exigência. Para ele, ser cristão é aderir a Jesus Cristo. Então Paulo e
Barnabé, juntamente com outros, dirigiram-se a Jerusalém e reuniram-se com os
Apóstolos e os anciãos para debaterem esta questão (cf. Act 15,1-6).
Durante este encontro,
denominado posteriormente como o Concílio de Jerusalém, Pedro e Tiago
intervieram apresentando os seus pontos de vista: Pedro defendia que tanto
circuncisos como incircuncisos recebem o dom do Espírito, o perdão dos pecados
e a salvação pela fé em
Jesus Cristo (cf. At 15,7-12); Tiago pede apenas para que os
cristãos vindos do judaísmo não importunem os pagãos convertidos ao
cristianismo (cf. At 15,19), mas que apenas lhes seja imposta a observância de
alguns preceitos (cf. At 15,20-21).
Depois deste concílio,
foi escrita uma carta com as decisões tomadas, a seguir enviada, por alguns
homens escolhidos, à comunidade de Antioquia.
Esta carta impõe algumas
exigências aos cristãos de Antioquia (da Síria) e a todos os vindos do
paganismo: além de deverem fugir da imoralidade, deveriam também evitar comer
carnes sacrificadas aos ídolos, isto é, não terem atitudes que pudessem, ainda
que indirectamente, ser conotadas com a idolatria (a adoração de falsos
deuses). Estas exigências, descritas em Act 15,20-21.28-29, são como que
conselhos para os cristãos de origem pagã (não judaica).
Porém, o mais importante
da reunião de Jerusalém consistiu numa afirmação clara de fé em Jesus Cristo como o
único salvador, não fazendo falta as tradições religiosas judaicas (porque não
são elas que nos salvam). Para nós hoje é claro, mas naquele momento foi um
momento decisivo. S. Paulo resumirá este passo com a famosa expressão: “a
circuncisão que conta é a do coração” (Rm 2,29), por isso, terá de ser uma
circuncisão espiritual, capaz de cortar o egoísmo da própria vida. E ainda: “é
pela fé que o homem é justificado, independentemente das obras da lei” (Rm
3,28)[2].
Uma segunda consequência
está no facto de que a Igreja se abre a todas as culturas e considera-as em pé
de igualdade. É mais uma afirmação, na sequência do que já tinha acontecido no
Pentecostes, da universalidade da fé. Esta abertura a todos os povos e culturas
é considerada uma das principais características (notas) da Igreja, que é una,
santa, católica e apostólica. Católica significa exactamente universal.
Uma terceira reflexão diz
respeito ao facto de o Espírito Santo se ter manifestado, com o Dom do
Conselho, quando os apóstolos se reúnem em nome do Senhor. Isto diz-nos que, em
todos os tempos, a unidade é uma característica fundamental dos cristãos.
Quando estão “dois ou três” (re)unidos em nome de Jesus, Ele está presente (cf.
Mt 18,20) e manifestam-se os dons do seu Espírito, nomeadamente o Dom do
Conselho.
3. Debate
Num primeiro momento,
pedir aos jovens que se expressem sobre o “Conselho” nas suas vidas:
·
Se
costumam receber muitos conselhos por parte dos outros e porquê;
·
Se
são capazes de acatar esses conselhos e crescer com eles;
·
Se
são capazes de dar bons conselhos aos outros;
Num segundo momento,
apresentar o Conselho como um Dom do Espírito Santo que é dado ao Cristão para
iluminar a sua consciência nas opções que a vida diária lhe impõe, ou seja,
ajuda o cristão a tomar as suas decisões de forma a iluminar o seu caminho em
direcção a Deus.
Como dizia João Paulo II,
“o dom do conselho actua como um
sopro novo na consciência, sugerindo-lhe o que é lícito, o que convém mais à alma...” [3].
Tendo isto em conta,
questionar os jovens se já passaram pela experiência de terem uma “luz” a
iluminar as suas decisões.
Para terminar o debate e
como forma de preparar para a oração final, questionar se conseguem ver na
Palavra de Deus conselhos que os podem ajudar a ser melhores…
4) Fortaleza – È para
termos forças, coragem e lutar contra o pecado.
Praticar a virtude com santo fervor, paciência e alegria, suportando as
dificuldades de vida (traições, calúnias, etc. ). É para não esmorecermos no
dia a dia.
·
2
Cor 11, 24-31: “Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um”... ou
·
2
Cor 7, 10: “E porque essas revelações eram extraordinárias, para que não me
enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne... “Pois quando sou fraco,
então é que sou forte”. ou
·
Rm
8, 31-39: “Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós? ...Nem a morte nem
a vida... nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que
está em Cristo Jesus ,
Senhor nosso”.
5) Ciência – Ajuda a olhar e julgar as coisas e os acontecimentos ao
nosso redor com os “olhos” de DEUS, dando-nos o verdadeiro sentido e o
discernimento das coisas, principalmente dos sinais dos tempos. É a luz invocada
pelo cristão para sustentar a fé do batismo;
Não é adquirido através de estudos, pesquisas, cursos. É um conhecimento que alcança a mente humana
através de uma revelação do Espírito Santo que nos permite conhecer todas as
coisas criadas segundo a Lei de DEUS. É
a ciência se pondo a serviço da Fé para compreendermos e aceitarmos os
desígnios de DEUS.
Ler
ou escutar 1Cor 12, 1-31
O
mistério da Igreja, como todos os segredos de Deus, só é exposto através de
imagens e de símbolos. São muitas as imagens bíblicas sobre a Igreja. De todas
elas, S. Paulo escolhe a imagem do corpo como a que melhor traduz a realidade
da Igreja.
Esta
bela imagem fala-nos da unidade na diversidade, e de que todos os carismas –
qualidades, dons – estão ao serviço do bem dos outros. Cada um de nós aportando
os seus dons ajuda à vitalidade, à beleza desse “corpo”.
Todos
nós fazemos parte de um corpo que está chamado a crescer e a desenvolver-se em
unidade e comunhão.
Só
na medida em que nós nos sentimos Igreja viva e dinâmica, comprometida, é
quando surge uma Igreja tal como Deus a sonhou. Como sonhou Deus essa Igreja? E
como a sonho eu?
6) Piedade –
É a ação do Espírito Santo, comunicando-nos os bons sentimentos e
atitudes para que possamos amar e servir a DEUS como Pai, e também amar,
respeitar e servir ao próximo, com respeito e dignidade. É ponto alto da nossa religião. É a forma
mais ampla da virtude da justiça. É ajudar o próximo, perdoar o próximo, tornar
as pessoas mais carinhosas e bondosas.
Nos faz aceitar DEUS como verdadeiro PAI, Nossa Senhora como nossa
Mãe e as pessoas como irmãos em Cristo.
A palavra “amor”, que é o
tema do capítulo 13 da 1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios, abarca uma gama
ampla de significados. A palavra é usada no dia a dia com diversos significados
e em distintas dimensões. Algumas dessas dimensões apresentam visões redutoras
do amor.
Os gregos utilizavam
diferentes palavras para definir as diversas dimensões do amor:
· Amor “eros”: Amor como paixão e desejo. Amor
ambicioso, ascendente e possessivo.
· Amor “filia”: Amor de afecto, de afeição pura e simples, simpatia
caracterizada pela cortesia e benevolência, amor de amizade.
· Amor “ágape”: Amor de relação generosa, não marcada por interesses
egoístas, atenção e cuidado pelo outro. Amor que une pessoas de diferentes
condições.
“Eros e ágape – amor ascendente e amor descendente – nunca se
deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a
justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto
mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. Embora o eros
seja inicialmente sobretudo ambicioso, ascendente – fascinação pela grande
promessa de felicidade – depois, à medida que se aproxima do outro, far-se-á
cada vez menos perguntas sobre si próprio, procurará sempre mais a felicidade
do outro, preocupar-se-á cada vez mais com ele, doar-se-á e desejará “existir
para” o outro. Assim se insere nele o momento da ágape; caso contrário, o eros
decai e perde mesmo a sua própria natureza. Por outro lado, o ser humano também
não pode viver exclusivamente no amor oblativo descendente. Não pode limitar-se
a dar sempre, deve também receber. Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo
em dom.” (Papa
Bento XVI – “Deus é amor” - nº 7)
Ø Leitura e comentário de
1Cor 13,1-13
Ø O dom da piedade extingue
no coração do cristão focos de tensão e de divisão como são a amargura, a
cólera, a impaciência, e alimenta-o com sentimentos de compreensão, de
tolerância, de perdão, de amor. Dom que está na raiz daquela nova comunidade
humana que se funda na nova civilização do amor.
Ø Segundo S. Paulo na 1ª
carta aos Coríntios cap.13, o extraordinário do cristianismo consiste em que
todos nós somos chamados ao amor. È o motor que nos permite sentir vivos.
Ø S. Paulo não dá uma
definição teórica do amor, mas enumera 15 maneiras de actuar próprias do amor:
Amor paciente, prestável, não é invejoso… O amor pede uma entrega total.
Ø Será
possível a concretização do amor tal como o apresenta S. Paulo? Só com o dom da
Piedade que o Espírito Santo infunde no crente, em cada um de nós, e lhe dá uma
nova capacidade de amor para com os irmãos. Dom que se recebe e dinamiza
através de uma relação filial com Deus por meio da oração, esse “trato de
amizade com quem sabemos que nos ama”.
7) Temor de DEUS – Não é medo
de DEUS, pois DEUS é bondoso, terno,
misericordioso, generoso e todo AMOR. Temor de DEUS é um profundo respeito a
DEUS que faz arder nosso coração. É
sermos fiéis a DEUS e a seus
ensinamentos. É não praticar e recear
qualquer transgressão as leis de DEUS. É
reverenciar DEUS Pai e nos submetermos a Ele. DEUS é Fiel, portanto devemos ser
fiéis a DEUS.
TEMOR = MEDO
O que tememos hoje?
a) Não ter emprego –
insegurança
b) Não ter família – solidão
c) Não ter amigos – exclusão
d) Não ter saúde – angústia
e) Outros exemplos…
Estes são os medos causados
pela sociedade de hoje:
SOCIEDADE DE CONSUMO
GANÂNCIA TER
CULTURA DO “EU“
São estes os
TEMORES que nos afastam de Deus – (explicando que) Temer a Deus não é ter
medo, mas sim procurar em Deus o AMOR e a ESPERANÇA de que é em Deus que nos
sentiremos protegidos.
Quem AMA (ser temerário)
a Deus – evita o mal
Quem AMA (ser temerário)
a Deus – ajuda o próximo
Quem AMA (ser temerário)
a Deus – ama o outro
Leitura ou audição do Hino ao Amor de Deus – Rm
8,31-39
“Eu amo-Te Senhor, porque na injustiça Tu velas
por mim” (exemplo que poderia ser dado pelo animador)
[1] A circuncisão consiste em cortar um pouco de pele no genital
(prepúcio) do bebé-rapaz, uma semana depois do nascimento. Este costume, que
ainda hoje é seguido pelos judeus crentes, tem um sentido religioso, de
pertença ao Povo escolhido e de respeito pela aliança que Deus estabeleceu com
o Povo, através de Abraão (cf. Gn 17, 10-14). Paulo fica em crise porque vê que
alguns cristãos pensam que, para pertencer a Jesus, era preciso fazer parte do
Povo, com as suas tradições. Para ele é claro que quem não nasceu judeu deve
pertencer a Cristo sem pertencer ao Povo de Israel.
[2] Estas “obras da lei” são as tradições religiosas do Povo de Israel,
que, embora expressando os sentimentos do Povo crente, deixaram de ser
necessárias, porque Jesus Cristo é o único salvador universal. Não confundir
com as “acções (obras) da caridade”, que são necessárias como sinal da nossa
verdadeira fé.
[3] JOÃO PAULO II – Creo en el Spíritu Santo (Madrid, Ed.Palabra, 2003) 427.
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